Kundalinî - Luz

“Embora a palavra portuguesa luz pareça derivar do latim lucem ou lux, podemos aproximá-la da palavra hebraica Luz. (…)
Luz situa-se na extremidade inferior da coluna vertebral, o que pode tornar-se claro referindo o que a tradição indiana diz sobre essa força chamada Kundalinî que é uma forma de Shakti (ou Shakinah), imanente do ser humano. Representa-se Kundalinî como uma serpente enrolada sobre si própria, numa região do organismo subtil correspondente à extremidade inferior da coluna vertebral; acontece assim, pelo menos, no homem normal; todavia, por efeito de práticas tais como as do Hatha-Yoga, a serpente acorda, desdobra-se e eleva-se através das rodas ou lotus, que correspondem aos diversos plexos, até atingir a região do olho frontal de Shiva. Este estádio equivale à reintegração no “estado primordial” no qual o homem recupera o “sentido da eternidade”, obtendo a imortalidade virtual. Permanece, todavia, no estado humano; numa fase ulterior Kundalinî atinge por fim a coroa da cabeça, o que significa a definitiva acessão aos graus superiores do ser.” (in O Rei do Mundo de René Guénon) (…)
“As cinco chagas, que se representam duas vezes no Claustro dos Jerónimos, devem corresponder às rodas ou Lotus, não devendo ser apenas motivos ornamentais. (…) É impressionante a semelhança fonética de chakras, a palavra sânscrita que significa rodas, com chagas. (…) A dupla presença das cinco chagas constitui o sinal de que nesse símbolo reside a chave de todo o processo iniciático. (…)
O iniciado é um homem austero, cujas palavras, pensamentos e actos reflectem a paz profunda, a Pax Profunda, que os Anjos anunciaram aos homens de boa vontade. Não é possível encontrá-lo, a não ser que se seja um seu igual. Recolhe-se no centro de si próprio, está onde não está, morre ou vive conforme queira e também ele está guardado pela mão poderosa do Único, que preside aos destinos do mundo.”

Excertos de “História Secreta de Portugal” de António Telmo, 1977, Editorial Vega