A Chave da Teosofia - Resumo Secções I a V

A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Iorque, em 1875, sendo seus principais fundadores H.P. Blavatsky e H.S. Olcott.

A Teosofia é uma religião? Não, a Teosofia é o Conhecimento ou Ciência Divina.
Qual o verdadeiro significado do termo Teosofia? “Sabedoria Divina”, Theosophia.

Como se pode provar que todas as religiões do mundo se baseiam de facto na mesma verdade única? Pelo estudo comparativo e análise dessas religiões. “Todos os cultos antigos apontam para a existência de uma única teosofia que lhes é anterior. A chave capaz de abrir um deles terá de abrir todos os outros; de contrário não será a chave certa.” (Wilder).

Qual o motivo para ignorância no que respeita à Teosofia no mundo Ocidental? Podem existir várias explicações. Segundo S.Paulo, o facto do verdadeiro discernimento espiritual se ter perdido durante muitos séculos devido à grande dedicação às coisas dos sentidos e à sua longa escravidão aos dogmas e rituais. Mas o verdadeiro motivo é o facto da verdadeira Teosofia se ter mantido sempre secreta.

Qual a verdadeira causa deste sigilo? Primeiro, a perversidade e egoísmo da natureza humana, com a tendência para satisfazer sempre os seus desejos pessoais em detrimento do próximo. Nunca se poderia confiar segredos divinos a pessoas assim. Segundo, o facto de não se poder esperar que estas pessoas impedissem que o conhecimento sagrado e divino fosse profanado. Foi esta razão que fez com que as verdades e símbolos fossem pervertidos e que as coisas do espírito fossem transformadas em imagens antropomórficas, concretas e grosseiras, que a ideia de Deus fosse diminuída e surgisse a idolatria.

Aqueles que supuseram que a Teosofia era uma nova religião, procuraram em vão o seu credo e o seu ritual. O seu credo é o respeito pela Verdade e o seu ritual “Honrar toda a verdade pondo-a em prática”.
Os membros da Sociedade Teosófica têm inteira liberdade de professar qualquer religião ou filosofia, podendo até não professar nenhuma.

A Sociedade Teosófica não possui preceitos nem doutrinas próprias? Não, a Sociedade não defende nem ensina uma sabedoria sua. É apenas depositária de todas as verdades proferidas pelos grandes videntes, iniciados e profetas, ou pelo menos de todas as verdades que conseguiu recolher.

Mas a Teosofia não é uma religião? De forma alguma, pois a teosofia é a essência de todas as religiões e da verdade divina, sendo cada credo apenas uma pequena gota dessa mesma essência.
Os homens só poderão esperar alcançar a verdade se estudarem as várias grandes religiões e filosofias da humanidade, comparando-as objectivamente e com imparcialidade.

Os teósofos acreditam em Deus? Depende daquilo que entendermos por Deus. Não acreditamos no Deus da teologia com um reflexo do Homem.

Então os teósofos são ateus? Não, acreditamos num Princípio Divino Universal, origem de tudo, do qual tudo procede, e ao qual tudo retorna no fim do grande ciclo do Ser.
A nossa Divindade está em toda a parte, em cada átomo do Cosmo, visível e invisível, em, sobre e em redor de todos os átomos visíveis e moléculas divisíveis; pois Ela é força misteriosa da evolução e involução, a força criadora omnipresente, omnipotente e até omnisciente.

Os teósofos não acreditam na eficácia da oração? Da oração que se aprende e se repete, não, se por oração se entende um pedido dirigido a um Deus desconhecido.
Mas haverá outra espécie de oração? Sem dúvida, chamamos-lhe Oração da Vontade, que é mais uma ordem interior do que um pedido.
A quem dirigem a vossa oração? Ao”nosso pai do céu” no sentido esotérico da expressão. Este “Pai” está no próprio Homem e não é um Deus extracósmico e finito. Chamamos “nosso pai no céu” àquela essência divina que sentimos dentro de nós, no nosso coração e na nossa consciência espiritual.
A oração é antes um mistério, um processo oculto, mediante o qual pensamentos e desejos finitos e condicionados se traduzem em vontades espirituais e na vontade a em si, processo a que se dá o nome de “transmutação espiritual”. A “oração da vontade” torna-se uma força activa ou criadora que produz efeitos consoante os nossos desejos.

Como explicar o facto universal de todas as nações e povos terem adorado e rezado a um Deus ou Deuses?
A oração pode ter diversos significados, além daquele que lhes é atribuído pelos cristãos. A oração não é apenas uma súplica ou um pedido, antigamente era sobretudo uma invocação e um encantamento. O mantra, oração entoada ritmicamente pelos hindus, tem precisamente esse significado. Uma oração tanto pode ser um apelo ou um encantamento destinado a fins maléficos, como um pedido de bênçãos.
Como a grande maioria das pessoas é imensamente egoísta e reza apenas por si própria, em vez de trabalhar por isso, acontece que a oração, tal como é hoje entendida, é duplamente perniciosa: (a) porque destrói a confiança do Homem em si mesmo; (b) porque desenvolve nele um egoísmo e um egocentrismo ainda mais ferozes do que os inerentes à sua natureza.
Recusamo-nos a rezar a seres finitos criados, ou seja, deuses, Santos, anjos, etc., pois isso, na nossa opinião, não passa de idolatria. Tentamos substituir a nossa oração estéril e inútil por acções meritórias que produzam o bem.

Resumo das Secções I a V, de “A Chave da Teosofia”, 1889, Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891)

Theosophia / Teosofia

A próxima característica no desenvolvimento da humanidade será a evolução da natureza espiritual do Homem. Assim, esperamos para a civilização futura o advento da espiritualidade na religião, na ciência, na arte e na sociedade.
O que é a Teosofia?
Como o seu nome indica, a Teosofia estabelece como princípio que o Homem é de natureza divina e pode, por conseguinte, aprender a conhecer directamente Deus. É a proclamação da Gnose antiga contra o agnosticismo. Ela é um corpo de doutrinas que são comuns a todas as grandes religiões do mundo. É um conjunto de ensinamentos espirituais, universais, que tentam conduzir o Homem ao caminho e à perfeição, a guiá-lo na vida e iluminá-lo na morte. Os seus ritos, cerimónias ou ensinamentos espirituais podem ser encontrados em todos os cultos de todas as crenças.
Não incita ninguém ao abandono da sua religião para substituí-la por outra, mas sim, aconselha que se procure nessa religião as profundas verdades comuns a todas as confissões religiosas. Em vez de pregar a guerra nas questões religiosas, faz de tais questões elementos de harmonia, levantando o estandarte da paz e não o do combate.
Sabendo que a próxima civilização será espiritual e que a Teosofia terá nela um papel definido, e por crermos que no nascimento de cada nova civilização aparece um novo instrutor no mundo, esperamos também a manifestação de um grande Ser, de um Instrutor divino.
O seu primeiro trabalho consiste em proclamar a Fraternidade das Religiões, sem destruir nenhuma delas e sem diminuir o valor de nenhuma, mas esforçando-se por aproximá-las, por fazer cessar a rivalidade que as separa, tornando-se assim todas elas uma grande família, cujos membros não mais combaterão entre si.
As doutrinas da Teosofia não são numerosas, mas sim, de elevado alcance. A primeira grande doutrina ensinada por todas as religiões é a unidade de Deus; a segunda ensina que Deus é tríplice em sua manifestação.
A estas duas verdades junta-se a que concerne à vasta família dos Filhos de Deus, à grande hierarquia de inteligências espirituais, em cujo seio a humanidade encontra o seu campo de evolução. Chegamos à quarta doutrina, cuja expressão é: a evolução contínua da consciência em corpos que se vão tornando cada vez mais perfeitos e que permitem expressar os poderes da consciência – a este princípio chama-se Evolução ou Reencarnação.
Outra doutrina, é uma lei fundamental, que se aplica tanto ao espírito como à matéria, segundo a qual o carácter se pode construir, tal como o mundo exterior, para podermo-nos elevar a ideias mais nobres.
Finalmente, cremos que há Instrutores que dirigem a evolução da humanidade, inspiram as religiões e asseguram o progresso espiritual do Homem.
Estas são verdades universais, ensinamentos que sempre foram possuídos por todas as religiões e que ainda hoje as possuem.
Cristo recomendou: “amai os vossos inimigos” e seiscentos anos antes Budha disse: “o ódio não mata o ódio, só o amor mata o ódio”. (…)
Só crescem em espiritualidade aqueles a quem penaliza a desgraça dos mais necessitados, aqueles para quem um bom repasto é amargo enquanto houver famintos, aqueles para quem o luxo é um fardo enquanto existem homens que não possuem coisa nenhuma.
A alegria reside no facto de dar e não de receber.

Annie Besant, Resumo de conferência em Londres: O PAPEL DA THEOSOPHIA NA PRÓXIMA CIVILIZAÇÃO, 1911

Pensamento

“Será o pensamento do homem, um raio vivo, procedente de um fogo ainda mais vital que ele próprio?
"O homem acreditou-se mortal porque encontrou em si algo de mortal", mas será?
"O homem despreocupado e desatento atravessa este mundo sem abrir os olhos de seu espírito. As diferentes cenas da natureza sucedem-se diante dele sem que seu interesse se desperte e que seu pensamento se amplie. Só veio a este mundo para abarcar o universo com sua inteligência, e permite continuamente que sua inteligência seja absorvida pelos menores objectos que o cercam.
Será preciso que as catástrofes da natureza se repitam para despertar do seu torpor?"

Louis Claude de Saint Martin, O HOMEM DE DESEJO, 1790