O Fogo Interior - A auto-importância de Castaneda

A auto-importância é o nosso maior inimigo. Pense nisto, o que nos enfraquece é sentirmo-nos ofendidos pelos feitos e pelas desfeitas dos nossos semelhantes. A nossa auto-importância faz com que passemos a maior parte das nossas vidas ofendidos com alguém.
Os novos videntes recomendam que sejam envidados todos os esforços para afastar a auto-importância das vidas dos guerreiros.
A auto-importância não pode ser combatida com delicadezas e não é uma coisa simples e ingénua. Por um lado, é o centro de tudo o que há de bom em nós; por outro, é o centro de tudo o que não presta. Conseguir livrar-se da auto-importância que não presta requer uma estratégia fabulosa.
A impecabilidade é o uso apropriado da energia. Os guerreiros fazem inventários estratégicos que cobrem apenas padrões de comportamento que não são essenciais à sua sobrevivência e bem-estar, de modo a pouparem energia.
Nos inventários estratégicos, a auto-importância aparece como a actividade que consome mais energia e daí o esforço para a eliminar.
Uma das principais preocupações dos guerreiros é deixar fluir essa energia, de forma a poder enfrentar com ela tudo o que lhes é desconhecido, A acção de a praticar, para recanalizar essa energia, é a impecabilidade.
A estratégia mais eficaz é composta por 6 elementos que se conjugam entre si: controlo, disciplina, paciência, sentido de oportunidade, vontade, e o mais importante e pertencente ao mundo exterior, é chamado “pequeno tirano”.
Um pequeno tirano é um atormentador, alguém que tanto mantém o poder da vida e da morte sobre os guerreiros, como simplesmente os perturba até à distracção.
A utilização do pequeno tirano na estratégia não elimina só a auto-importância; prepara também os guerreiros para a compreensão final do que a impecabilidade é a única coisa, que de facto conta, no caminho do conhecimento.
O guerreiro que tropeça num pequeno tirano é um guerreiro cheio de sorte, porque se não encontrar um no seu caminho vai ter que o procurar. Pois nada tempera melhor o espírito do guerreiro do que o desafio de lidar com pessoas intoleráveis em posição de poder.
Os guerreiros poderão vencer o pequeno tirano libertando-se da auto-importância e da vitimização, e adquirindo os atributos: controlo e disciplina de si próprios, que se referem a um estado interior; e a paciência e sentido de oportunidade, que pertencem ao domínio do homem de conhecimento.
Qualquer pessoa que se associe aos pequenos tiranos é derrotada. Agir com raiva, sem controlo, nem disciplina, não ter paciência, isto é ser derrotado.

Resumo de parte do livro: Castaneda, Carlos, O Fogo Interior, Editorial Presença, 1984