Monossílabo sagrado Om

“O Rei do Mundo” conhece os pensamentos de todos os que dirigem o destino da humanidade… conhece-lhes as intenções e as ideias. Este poder foi dado a Agharti pela ciência misteriosa de Om, palavra que inicia todas as nossas orações.
Om é o nome de um antigo santo, o primeiro dos Goros ou Gurus, que viveu há cerca de trezentos mil anos. Esta época é muito anterior à era do presente Manu. Por outro lado o primeiro Manu do nosso Kalpa (sendo Vaivaswata o sétimo) é chamado Swâyambhuva, “o que subsiste por si mesmo” ou Logos eterno. Ora, Logos pode ser designado como o primeiro dos Gurus ou “Mestres Espirituais”, sendo efectivamente Om um nome de Logos.
Este nome encontra-se também no antigo simbolismo cristão, sendo mais tarde considerado como uma abreviatura de Avé Maria, mas que foi primitivamente equivalente à reunião do letras extremas do alfabete grego, alpha e ôméga, para significar que o Verbo é o princípio e o fim de todas as coisas; na realidade ele é ainda mais completo, pois significa o princípio, o meio e o fim.
O monossílabo Om dá a chave da repetição hierárquica das funções entre Brahâtmâ e os seus dois assessores. Segundo a tradição hindu, os três elementos deste monossílabo sagrado simbolizam respectivamente os “três mundos”, os três termos de Tribhuvana: a Terra (Bhû), a Atmosfera (Bhuvas) e o Céu (Swar.), ou por outras palavras, o mundo da manifestação corporal, o mundo da manifestação subtil ou psíquica e o mundo primordial não manifesto. Estes são por ordem inversa, os domínios próprios de Mahanga, Mahâtma e Brahâtmâ.

Excerto resumido do capítulo V de “O Rei do Mundo”, 1958, René Guénon, Edições 70, Lisboa