Theosophia / Teosofia

A próxima característica no desenvolvimento da humanidade será a evolução da natureza espiritual do Homem. Assim, esperamos para a civilização futura o advento da espiritualidade na religião, na ciência, na arte e na sociedade.
O que é a Teosofia?
Como o seu nome indica, a Teosofia estabelece como princípio que o Homem é de natureza divina e pode, por conseguinte, aprender a conhecer directamente Deus. É a proclamação da Gnose antiga contra o agnosticismo. Ela é um corpo de doutrinas que são comuns a todas as grandes religiões do mundo. É um conjunto de ensinamentos espirituais, universais, que tentam conduzir o Homem ao caminho e à perfeição, a guiá-lo na vida e iluminá-lo na morte. Os seus ritos, cerimónias ou ensinamentos espirituais podem ser encontrados em todos os cultos de todas as crenças.
Não incita ninguém ao abandono da sua religião para substituí-la por outra, mas sim, aconselha que se procure nessa religião as profundas verdades comuns a todas as confissões religiosas. Em vez de pregar a guerra nas questões religiosas, faz de tais questões elementos de harmonia, levantando o estandarte da paz e não o do combate.
Sabendo que a próxima civilização será espiritual e que a Teosofia terá nela um papel definido, e por crermos que no nascimento de cada nova civilização aparece um novo instrutor no mundo, esperamos também a manifestação de um grande Ser, de um Instrutor divino.
O seu primeiro trabalho consiste em proclamar a Fraternidade das Religiões, sem destruir nenhuma delas e sem diminuir o valor de nenhuma, mas esforçando-se por aproximá-las, por fazer cessar a rivalidade que as separa, tornando-se assim todas elas uma grande família, cujos membros não mais combaterão entre si.
As doutrinas da Teosofia não são numerosas, mas sim, de elevado alcance. A primeira grande doutrina ensinada por todas as religiões é a unidade de Deus; a segunda ensina que Deus é tríplice em sua manifestação.
A estas duas verdades junta-se a que concerne à vasta família dos Filhos de Deus, à grande hierarquia de inteligências espirituais, em cujo seio a humanidade encontra o seu campo de evolução. Chegamos à quarta doutrina, cuja expressão é: a evolução contínua da consciência em corpos que se vão tornando cada vez mais perfeitos e que permitem expressar os poderes da consciência – a este princípio chama-se Evolução ou Reencarnação.
Outra doutrina, é uma lei fundamental, que se aplica tanto ao espírito como à matéria, segundo a qual o carácter se pode construir, tal como o mundo exterior, para podermo-nos elevar a ideias mais nobres.
Finalmente, cremos que há Instrutores que dirigem a evolução da humanidade, inspiram as religiões e asseguram o progresso espiritual do Homem.
Estas são verdades universais, ensinamentos que sempre foram possuídos por todas as religiões e que ainda hoje as possuem.
Cristo recomendou: “amai os vossos inimigos” e seiscentos anos antes Budha disse: “o ódio não mata o ódio, só o amor mata o ódio”. (…)
Só crescem em espiritualidade aqueles a quem penaliza a desgraça dos mais necessitados, aqueles para quem um bom repasto é amargo enquanto houver famintos, aqueles para quem o luxo é um fardo enquanto existem homens que não possuem coisa nenhuma.
A alegria reside no facto de dar e não de receber.

Annie Besant, Resumo de conferência em Londres: O PAPEL DA THEOSOPHIA NA PRÓXIMA CIVILIZAÇÃO, 1911